Ao visitar uma amiga notei que um dos livros em sua estante me pertencia. Lembro-me de tê-lo emprestado há algum tempo atrás, juntamente de uns dois outros dos seus irmãos; recordo de forma intensa que estava relutante quanto ao empréstimo deles, mas tratava-se de uma amiga e por que não?Acontece que ver meu lindo exemplar em uma prateleira que não é minha junto de livros que não são meus, me fez pensar no quão insano e o ato de emprestar livros.
Meu livro (não irei citar seu título não quero expô-lo) poderia ter passado pelos lugares mais horripilantes antes de encontrar a segurança da estante; sempre há um cachorro disposto a dar uma singela lambida em sua capa – ele é muito sedutor – ou um irmão mais novo pentelho capaz de aplicar torturas medievais ao pobrezinho.
Agora tento descobrir: ONDE EU ESTAVA COM A CABEÇA?
Sim, pois esse ato atesta minha total insanidade e mesmo que alguns digam que se trata de uma atitude nobre não tenho o hábito de emprestar meus livros.
Sociedade me julgue, sou uma leitora egoísta que gosta de manter seus livros para si.
Ok. Talvez isso não me defina como uma bookaholic egoísta, mas segundo uma lista que li recentemente é exatamente isso que sou. Dentre os inúmeros motivos que tornam os empréstimos literários algo nobre está o compartilhamento de conhecimento, combate a avareza e divulgação do seu autor/gênero favorito. MAS POSSO FAZER ISSO SEM EMPRESTAR LIVRO ALGUM!
Tudo bem, talvez eu não possa transmitir tanto conhecimento quanto um livro, nem o maior nerd chegaria aos pés de um, mas alguma informação sou capaz de transmitir; com certeza não posso combater a avareza, na verdade sou uma grande avarenta quando se trata de livros, admito
Provavelmente você está pensando: Nossa! Ela realmente é egoísta 'o'
Mas será que os malefícios do empréstimo não são considerados? A angústia trazida pela incerteza de não saber como ele está, se manter distante do livro amado, desejar folheá-lo e notar que ele não se encontra onde de costume...
Eu já ia me esquecendo, sempre há a possibilidade do seu amigo ser um cleptomaníaco enrustido (ou um ladrão safado mesmo) e não devolver seu livro, até mesmo desaparecer com ele. Não podemos deixar de considerar os sentimentos daquele que pegou o livro emprestado (o possível ladrão) e se o coitado se afeiçoar a estória e sofrer com a futura e inevitável separação?
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Amigo ladrão enrustido |
Para minha felicidade o exemplar que citei no início do texto está em perfeitas condições e a pessoa que o confiei não era adepta ao furto, mas sempre há aquela possibilidade... Em resumo sou uma leitora egoísta, sem chance de regeneração.
Perco o amigo, mas não perco o livro. E você?