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O que ninguém te diz sobre ser um leitor...

9 de setembro de 2015
Outro dia enquanto mexia em caixas antigas me deparei com o primeiro livro "de gente grande" que ganhei, há tempos desejava encontrá-lo e não tinha ideia de por onde o dito cujo andava. Veja bem, aos sete anos eu ainda não era completamente pirada e cheia de manias quando se tratava de livros, por isso ele estava desaparecido.

Que encontro! Foi um momento mágico, recheado de nostalgia, que me fez refletir sobre a fase que aquele livrinho representava, minha transformação em leitora. Foram muitas as manhãs em que eu desligava a TV por aquele livro, as tardes também...

O incentivo estava em todo lugar: minha mãe criou a "hora da leitura", momento em que leria pra ela qualquer coisa que eu achasse legal, na escola a professora dizia "quando uma criança aprende a ler nada pode impedi-la de ser o que quiser", até mesmo as pessoas mais avessas à leitura achavam bonitinho e admiravam o desenvolver do meu hábito.

Tudo maravilhoso, lindo. Muitos foram os estímulos, mas e quanto ao outro lado? Será que ninguém poderia ter se dignado a me dizer?


Mamãe poderia ter me dito "Tudo bem, tudo zen, meu bem. Uma vida de angústias te espera!", demonstrando sua preocupação infinita, mas ela não o fez. E descobri que tal coisa existia da melhor forma possível: lendo.

Está certo, mesmo sendo um bom meio não foi uma boa descoberta. Afinal quem quer viver angustiado? Acho que só leitor mesmo para fazer essa escolha... Entre as páginas dos livros perdi o fôlego, senti o coração descompassado e os olhos marejados, as palmas das minhas mãos inúmeras vezes suaram e gelaram, minha aflição construída através de cada linha lida. Nas primeiras vezes que isso ocorreu, eu não fazia ideia dos inúmeros momentos que tais coisas me acometeriam, muito menos na intensidade das mesmas.

Mas não somente durante a leitura essa angústia se faz presente. Ela é companhia certa em momentos de espera, sendo essa causada por todas essas trilogias, sagas, histórias de volumes infinitos com a intenção de torturar leitores desavisados. Por que ninguém me alertou sobre a existência dessas armadilhas?

Pior que essas sensações, é ficar cara a cara com a morte. Dar adeus ao personagem amado e ver outros tantos partirem. Fico imaginando o que se passa na mente desses autores que saem por entre as páginas dos livros matando desenfreadamente. Algo devia ser feito pra combater esses psicopatas com pinta de escritores, porque, sinceramente, não sou obrigada a conviver com tantas mortes. 

Gostaria que alguém tivesse se dado ao trabalho de mencionar uma coisinha chamada dinheiro e como minha relação com ele iria mudar. Ok, quando criança eu não entenderia nada a respeito, mas um alerta teria sido algo muito bom. Agora, cá estou tentando converter cada centavo meu em livros nas prateleiras. Veja, não sei, se isso é coisa de leitor ou de Gabriella, mas acontece que a cada compra que faço paro um momento e imagino os livros que poderia adquirir com a mesma quantia.

Na minha vida, ter dinheiro é sinônimo de comprar livros. Gastar com outra coisa é praticamente uma traição. Entretanto, nada disso se compara com a impotência. Presente em cada um dos momentos anteriormente citados, fruto desse vício e mais fiel que o cachorro de Sempre ao Seu Lado.

Teria sido ótimo se em meio a todo aquele incentivo, alguém tivesse aberto meus olhos. Por isso, se você não é um leitor, seja grato, este é seu aviso – se render aos livros está por sua conta e risco. Agora, se como eu, você é um leitor compulsivo, só lamento. Os livros estão entranhados em você, nada pode ser feito a respeito.

O mal feito já está feito!

1 Comentário

  1. Super me identifiquei com o seu texto!
    Cara, são tantos livros nos esperando e nada de grana!
    Os livros deveriam ser mais baratos e acessíveis!
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias

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